Você já pensou na relação entre psiquiatria, economia e saúde mental? Desde Freud, sabemos que as doenças mentais não surgem por acaso. Elas são resultado de um equilíbrio delicado entre fatores internos — nossos conflitos pessoais — e fatores externos, como condições sociais e econômicas.
O renomado sociólogo Karl Mannheim destacou que:
“Todo esforço de recuperação pessoal ou social precisa incluir uma análise profunda das ideologias e condições concretas que regem a sociedade.”
Se ignorarmos esses fatores, seremos como um barco sem leme, à deriva nas forças invisíveis que moldam nossa realidade.
Como a Economia Influencia a Saúde Mental e a Psiquiatria?
Essa conexão é inegável e não é de hoje. Curiosamente, o fundador da Economia Política Moderna foi François Quesnay, um médico francês que enxergava a economia como parte essencial da saúde coletiva.
Hoje sabemos que os ciclos econômicos, o desenvolvimento e até mesmo a inflação afetam diretamente nossa qualidade de vida, influenciando desde a saúde mental até o bem-estar geral.
Quando a economia está em crise, há aumento de transtornos como ansiedade e depressão, impactando profundamente a psiquiatria.
Impactos Econômicos no Bem-Estar Psicológico
O progresso econômico é realmente um caminho para a felicidade? Arthur Lewis, professor de Economia da Universidade de Manchester, argumenta que o progresso é uma faca de dois gumes:
“A felicidade resulta de como encaramos a vida, aceitando-a tal como é. A riqueza só aumenta a felicidade se os recursos crescem mais do que as aspirações, mas isso raramente ocorre.”
Em sociedades que priorizam o crescimento econômico a qualquer custo, como os Estados Unidos, vemos taxas alarmantes de suicídios e distúrbios mentais. A busca incessante por sucesso e riqueza frequentemente gera mais ansiedade do que bem-estar.
A Relação Entre Desigualdade Econômica e Doenças Mentais
Embora o desenvolvimento econômico amplie nossa liberdade, ele impõe um preço alto:
- Mudanças sociais profundas, como a alteração de padrões familiares.
- Sacrifícios presentes, com a promessa de recompensas futuras.
- Desigualdade crescente, quando o progresso não é distribuído de forma justa.
Quando o foco sai das pessoas e vai para números, o desenvolvimento degenera em desenvolvimentismo: uma corrida em que poucos enriquecem enquanto muitos sofrem.
Arthur Lewis explica:
“O desenvolvimento econômico pode aumentar a produção sem beneficiar a maioria. Quando isso acontece, o progresso se torna imoral.”
O Brasil e o Círculo Vicioso da Inflação
Infelizmente, o Brasil segue um modelo de desenvolvimento que concentra riqueza em poucos e sacrifica a maioria. O processo inflacionário é controlado por grupos que lucram às custas de assalariados, pequenos empresários e da classe média.
Alberto Passos Guimarães descreve bem essa realidade:
“A inflação favorece apenas poderosas organizações financeiras e monopólios estrangeiros, que manejam os preços a seu favor, obtendo lucros astronômicos enquanto o restante da população sofre.”
Milhões de brasileiros enfrentam o peso de salários achatados e custos de vida insuportáveis, contribuindo para o aumento de problemas psicológicos.
O Caminho Para um Desenvolvimento Justo e Sustentável
O desenvolvimento econômico só será sustentável se:
- Cada sacrifício for compartilhado por todos.
- As decisões forem pautadas na justiça social.
- O foco sair do lucro imediato e for para o bem-estar humano.
Como ainda explica Lewis:
“O crescimento econômico é apenas uma entre muitas coisas boas. Quando exagerado, ele gera materialismo excessivo, desigualdade e custos sociais que corroem a estrutura da sociedade.”
Conclusão: Psiquiatria, Economia e Saúde Mental em Foco
O Brasil precisa de um modelo de desenvolvimento que respeite sua identidade e priorize as pessoas. Um caminho que combine progresso econômico com justiça social, promovendo saúde física, mental e econômica para todos.
Esse é o desafio. Mas também é a oportunidade.
Dr. Newton Prates de Lima